domingo, 17 de abril de 2011

Reprodução dos fungos



 1. INTRODUÇÃO

Fungos são organismos eucariontes, aclorofilados, heterotróficos, que se reproduzem sexuada e assexuadamente e cujas estruturas somáticas são geralmente filamentosas e ramificadas, com parede celular contendo celulose ou quitina, ou ambos.
Os fungos obtêm o alimento seja como saprófitas, organismos que vivem sobre a matéria orgânica morta, ou como parasitas, que se nutrem da matéria viva. Em ambos os casos, as substâncias nutritivas são ingeridas por absorção após terem sido parcialmente digeridas por meio de enzimas.
A maioria dos fungos é constituída de espécies saprófitas que desempenham a importante função de decomposição na biosfera, degradando produtos orgânicos e devolvendo carbono, nitrogênio e outros componentes ao solo, tornando assim disponíveis às plantas. Cerca de 100 espécies de fungos produzem doenças no homem e quase o mesmo número em animais, a maioria das quais são enfermidades superficiais da pele ou de seus apêndices. No entanto, mais de 8.000 espécies de fungos causam doenças em plantas, sendo que todas as plantas são atacadas por algum tipo de fungo, e cada um dos fungos parasitas atacam a um ou mais tipos de plantas.


2. CRESCIMENTO DOS FUNGOS

O crescimento dos fungos é constituído das fases vegetativa e reprodutiva.

2.1. Fase Vegetativa

Os fungos, em sua maioria, são constituídos de filamentos microscópicos com parede celular bem definida, chamados hifas. A célula fúngica é constituída pelos principais componentes encontrados nos organismos eucariotos. A parede celular é composta principalmente por polissacarídios, pequena quantidade de lipídios e íons orgânicos. A membrana plasmática é composta por fosfolipídios e esfingolipídios, proteínas, além de pequenas quantidades de carboidratos. O citoplasma apresenta solutos dissolvidos, no qual estão imersas organelas membranosas, como mitocôndrias, complexo de Golgi e microcorpos, assim como estruturas não membranosas, como ribossomos, microtubos e microfilamentos. A célula fúngica apresenta núcleos dotados de uma membrana nuclear ou carioteca.

Fonte:Google

 Os fungos, por serem aclorofilados, não podem utilizar energia solar para sintetizar seu próprio alimento. A substância de onde os fungos retiram os nutrientes de que necessitam chama-se substrato, o qual pode ser o húmus do solo, restos de cultura, plantas vivas, etc. As hifas ramificam-se em todas as direções no substrato, formando o micélio.
As hifas ou micélio, quanto ao número de núcleos, podem ser uninucleadas, binucleadas e multinucleadas. A extremidade da hifa é a região de crescimento. O protoplasma na extremidade da hifa sintetiza um grande número de enzimas e ácidos orgânicos que são difundidos no substrato. As enzimas e ácidos quebram a celulose, amido, açúcares, proteínas, gorduras e outros constituintes do substrato, que são utilizados como alimentos e energia para o crescimento do fungo.
O crescimento do micélio de um fungo parasita pode ser externo ou interno em relação ao tecido hospedeiro. O micélio externo ocorre como um denso emaranhado na superfície de folhas, caules ou frutos, que não penetra na epiderme dos órgãos e nutre-se através de exsudatos (açúcares) da planta. O micélio interno pode ser subepidérmico, quando desenvolve entre a cutícula e as células epidermais; intercelular, quando penetra no hospedeiro e localiza-se nos espaços intercelulares, sem penetrar nas células, sendo os nutrientes absorvidos através de órgãos especiais chamados haustórios (estruturas constituídas de células da hifa) ou diretamente por difusão através da parede celular; ou intracelular, quando penetra dentro da célula hospedeira, absorvendo os nutrientes diretamente. Existem espécies que tem capacidade de penetrar diretamente pela superfície intacta do hospedeiro. Estas espécies apresentam órgãos especiais, chamados apressórios, que se fixam na superfície do hospedeiro e no ponto de contato ocorre à dissolução do tecido formando um pequeno orifício (microscópico).
No processo de desenvolvimento os fungos formam estruturas vegetativas que funcionam como estruturas de resistência, tais como:

Rizomorfas: estruturas macroscópicas formadas por hifas entrelaçadas no sentido longitudinal, com crescimento semelhante a uma raiz.

Esclerócios: estruturas macroscópicas formados pelo enovelamento de hifas com endurecimento do córtex.

Clamidosporos: estruturas microscópicas, formadas pela diferenciação de células da hifa, com a formação de uma parede espessa.
Todas essas estruturas permanecem em repouso quando as condições são desfavoráveis, entrando em atividade em condições favoráveis.

2.2. Fase Reprodutiva
Os esporos são as estruturas reprodutivas dos fungos, constituindo a unidade propagativa da espécie, cuja função é semelhante a de uma semente, mas difere desta pois não contém um embrião pré-formado.
Os esporos são produzidos em ramificações especializadas ou tecidos do talo ou hifa chamados esporóforos. Estes, por sua vez, recebem denominações de acordo com a classe do organismo. Como exemplo temos: conidióforo nos Deuteromicetos e esporangióforo nos Oomicetos.
O corpo de frutificação de um fungo, como peritécios, apotécios e picnídios, dão proteção e apoio às células esporógenas, as quais podem ser agregadas em camadas dentro da cavidade do corpo de frutificação ou em camadas na epiderme do hospedeiro (Ex.: acérvulos). Nos Ascomicetos as células esporógenas compreendem as ascas, enquanto nos Basidiomicetos as basídias.
Os esporos são comumente unicelulares, mas em muitas espécies podem ser divididos por septos, formando células. Os esporos podem ser móveis (zoosporos) ou imóveis, de paredes espessas ou finas, hialinas ou coloridas, com parede celular lisa ou ornamentada, as vezes com apêndice filiforme simples ou ramificado. Em muitas espécies de fungos, a coloração e o número de septos dos esporos variam com a idade.
Os esporos podem ser assexuais e sexuais. A fase associada com os esporos assexuais e micélio estéril é conhecida como estágio ou fase imperfeita do fungo, enquanto aquela associada com a produção de zigoto e chamada estágio ou fase perfeita.
Os esporos assexuais são representados por zoosporos, conidiosporos, uredosporos e outros, formados pelas transformações do sistema vegetativo sem haver fusão de núcleos. Os esporos sexuais são resultantes da união de núcleos compatíveis, seguido de meiose e mitose.
Os órgãos sexuais do fungo são chamados de gametângios. O gametângio feminino é denominado oogônio ou ascogônio, enquanto o gametângio masculino é denominado anterídio . As células sexuais ou núcleos que se fundem na reprodução sexual são chamados gametas.
Algumas espécies de fungos produzem os gametângios no mesmo talo e são ditos homotálicos (hermafroditas). Outras formam talos com sexos agregados e são chamados heterotálicos (dióicos), isto é, os sexos são agregados em dois indivíduos diferentes, não podendo cada talo, ou seja, cada indivíduo reproduzir-se sexualmente sem o concurso de outro.
A maioria dos fungos é eucárpico, ou seja, apenas parte do talo transforma-se na estrutura reprodutiva. Nos fungos mais inferiores, em algumas espécies, todo talo transforma-se na estrutura reprodutiva, sendo chamadas holocárpicas.
Os fungos podem apresentar reprodução assexuada, sexuada e também um mecanismo de recombinação gênica, denominado parassexualidade.

Reprodução assexuada: muito comum nos fungos, pode ocorrer pela fragmentação do micélio (cada fragmento origina novo organismo) ou pela produção de esporos assexuais. Neste tipo de reprodução não ocorre fusão de núcleos, somente ocorrendo mitoses sucessivas.

Reprodução sexuada: ocorre entre dois esporos móveis ou não, em que três processos se sucedem:
a) Plasmogamia: fusão dos protoplasmas, resultante da anastomose de duas células.
b) Cariogamia: fusão de dois núcleos haplóides (N) e compatíveis, formando um núcleo diplóide (2N).
c) Meiose: onde o núcleo diplóide (2N) sofre uma divisão reducional para formar dois núcleos haplóides (N), seguindo-se a mitose, embora em alguns casos esta preceda a meiose. O núcleo haplóide forma então uma parede que o protege, recebendo o nome de esporo.

Parassexualidade: ocorrência de plasmogamia entre duas hifas geneticamente diferentes, formando um heterocarion, ou seja, presença de dois núcleos geneticamente diferentes na mesma célula. Esta situação de heterocariose termina quando ocorre a união destes núcleos originando uma célula ou hifa diplóide, a qual se perpetua por mitose.
Os vários processos podem ocorrer simultaneamente no mesmo talo, sem obedecer uma seqüência regular ou em estágios específicos. O ciclo parassexual pode ou não ser acompanhado de um ciclo sexual. A parassexualidade constitui um importante mecanismo de variação genética para aqueles fungos que não apresentam reprodução sexual ou a apresentam raramente.
Embora os ciclos de vida dos fungos dos distintos grupos variem amplamente, a grande maioria passa por uma série de etapas que são bastante similares. Assim, a maioria dos fungos tem um estágio de esporo que contém um núcleo haplóide, que possui uma série de cromossomos ou 1N. Os esporos, ao germinar, produzem uma hifa que também contém núcleos haplóides. A hifa produz novamente esporos haplóides (como sempre ocorre com Deuteromicetos) ou pode fundir-se com uma hifa para produzir uma hifa fecunda em que os núcleos se fundem para formar um núcleo diplóide, denominado zigoto, que contém duas séries de cromossomos ou 2N. Nos Oomicetos, o zigoto se divide e produz esporos haplóides, que concluem o ciclo. Em uma fase breve do ciclo de vida da maioria dos Ascomicetos e em todos os Basidiomicetos, o par de núcleos da hifa fecundada não se une, mantendo-se separados dentro da célula (condição dicariótica ou N+N), dividindo-se simultaneamente para produzir mais células hifas que contêm pares de núcleos. Nos Ascomicetos, as hifas dicarióticas se localizam isoladas no interior de corpos de frutificação, onde originam hifas ascógenas, desde que os núcleos da  célula da hifa se una para formar um zigoto (com um número diplóide de cromossomos), o qual se divide meioticamente para produzir ascósporos que contêm núcleos haplóides.
Nos Basidiomicetos, esporos haplóides produzem somente pequenas hifas haplóides. Quando estas são fecundadas, um micélio dicariótico (N+N) é produzido e desenvolve-se para constituir a estrutura somática do fungo. Essas hifas dicarióticas podem produzir, por via assexual, esporos dicarióticos que desenvolvem novamente em um micélio dicariótico. Entretanto, em qualquer dos casos, os núcleos pareados das células se unem e formam zigotos, dividindo-se meióticamente para produzir basidiósporos, que contém núcleos haplóides. Nos Deuteromicetos, é encontrado somente o ciclo assexual, com a seguinte seqüência: esporo haplóide → micélio haplóide → esporo haplóide.
O ciclo assexual é o mais comum entre os fungos, pois pode ser repetido várias vezes durante a estação de crescimento, enquanto o ciclo sexual ocorre somente uma vez por ano.



3. ECOLOGIA

A maioria dos fungos fitopatogênicos passa parte de seu ciclo de vida nas plantas que lhe servem de hospedeiro, e outra parte no solo ou em restos vegetais depositados sobre este substrato. Alguns fungos passam todo o seu ciclo de vida sobre o hospedeiro e somente seus esporos se depositam no solo, onde permanecem em dormência até que sejam levados a um hospedeiro no qual germinam e se reproduzem. Outros fungos devem passar parte de seu ciclo de vida como parasitas de seu hospedeiro e parte como saprófitas sobre os tecidos mortos depositados no solo. No entanto, este último grupo de fungos se mantém em estreita associação com os tecidos do hospedeiro, não se desenvolvendo em qualquer outro tipo de matéria orgânica. Um terceiro grupo de fungos vive como parasitas de seus hospedeiros, porém continuam vivendo, desenvolvendo-se e reproduzindo-se sobre os tecidos mortos deste hospedeiro, inclusive podem abandonar esses tecidos e depositarem-se no solo ou em outros órgãos vegetais em processo de decomposição, nos quais se desenvolvem e reproduzem como saprófitas estritos. É indispensável que os órgãos vegetais mortos nos quais se desenvolvam esses fungos não pertençam ao hospedeiro que tenham parasitado. Geralmente esses fungos são patógenos que habitam o solo, possuem uma ampla gama de hospedeiros e sobrevivem no solo durante vários anos na ausência de seus hospedeiros.
A sobrevivência e a atividade da maioria dos fungos fitopatogênicos depende das condições predominantes de temperatura e umidade, ou da presença de água em seu meio ambiente. Um micélio livre sobrevive somente dentro de uma certa amplitude de temperatura (entre -5 e 45oC). A maioria dos esporos resiste a intervalos bastante amplos de temperatura e umidade, embora necessitem de condições adequadas para germinar. Além disso, os fungos inferiores, que produzem zoosporos, necessitam de água livre para produção, movimento e germinação dessas estruturas reprodutivas. Os zoosporos são as únicas estruturas dos fungos que possuem movimento próprio, embora à distâncias muito curtas. A maioria dos fungos fitopatogênicos necessita de agentes como o vento, água, insetos, aves, outros animais e o homem para poder disseminar de uma planta a outra e inclusive a diferentes partes de uma mesma planta.
Os fungos fitopatogênicos podem penetrar no hospedeiro diretamente (a nível subcuticular, bem como a nível celular com haustório, micélio intercelular, micélio intercelular com haustório, ou apressório e micélio intracelular), por aberturas naturais (estômatos, lenticelas e hidatódios) ou por ferimentos (artificiais naturais pela rachadura de raízes, bem como através da ação do fungo, pela morte e maceração das células a frente do seu avanço).

Fonte:
http://ciencialivre.pro.br/media/bc354917a20b3bf4ffff83a2ffffd524.pdf

sábado, 16 de abril de 2011

Deuteromicetos ou fungos imperfeitos.

1. Características gerais.
 micélio com hifas septadas. 

Somente conhecemos a reprodução por conídios, ausência de fase sexual ou fase perfeita.
• Suas fases conídicas (fases imperfeitas) assemelham-se a dos ascomicetos, e provavelmente são ascomicetos que ou perderam a fase ascógena (fase perfeita ou sexual) ou não encontramos a fase ascógena.
• algumas espécies assemelham-se aos basidiomicetos
• apresentam o fenômeno da parassexualidade, intercâmbio genético sem reprodução sexual
• umas 15.000 espécies, a maioria terrestres, alguns aquáticos
• grande importância econômica por sua patogenia ou aplicação industrial (antibióticos).

1. 1. Estruturas somáticas:


• células com forma de leveduras nos Blasomycetidae.
• micélio de hifas septadas com septos porados simples, ramificadas, células em general plurinucleadas .
• a vezes se agrupam em esclerócios.

1.2. Reprodução por esporulação:
 
• os conidióforos podem ser iguais às hifas somáticas (micronemáticos) ou diferentes (macronemáticos)
Conídios
• esporos de origem assexual, não flagelados, formados no ápice ou lados de uma célula esporógena (conidiógena) que não apresenta a parede esporangial
• diferenciam-se dos esporangiósporos por que não se formam por segmentação repetida e progressiva do citoplasma
• morofología muito variada, unicelulares ou pluricelulares
Formação de conídios
• de forma individual, isoladamente
• em grupos, produzidos em cadeia, a formação pode ser
o basípeta, o conídio mais jovem está na base
o acrópeta, o conídio mais jovem está no ápice.
1. 3. Estruturas:


• célula conidiógena, a partir da qual se forma o conídio, pode ser igual ou diferente das células do micélio
• conidióforo, hifa que sustenta uma ou mais células conidiógenas
os conídios podem agrupar-se em sinemas ou esporodóquios e serem produzidos dentro de picnídios ou acérvulos
• sinema, grupo de conidióforos unidos pelo menos na base, freqüentemente ramificados na parte superior
• esporodóquio, os conidióforos surgem de um estroma central em forma de almofadinha, mais empacotados e curtos que o sinema
• picnídio, corpo esférico, em forma de garrafa, atapetado de conidióforos internamente (semelhante aos peritécios de pirenomicetos) fechados ou com abertura, ostíolo, com papila ou com pescoço longo
• acérvulo, corpo plano, com conidióforos curtos, normalmente subcuticulares, logo projetados, não há ostíolo (confundem-se com os esporodoquios) .
Na sistemática dos fungos, que no passado eram incluídos na Classe Deuteromicetos ou fungos imperfeitos, era aplicada uma metodologia denominada artificial porque os dados morfológicos (formas) ou fisiológicos (coloração etc.), utilizados para a separação respectiva, nada tinham a ver com a filogenia. Incluía-se nesta classe fungos que não apresentavam claramente o seu mecanismo de reprodução. São responsáveis por diversas doenças no homem e outros animais, como os "sapinhos", frieiras, pé-de-atleta e a Candida albicans. C. albicans é reconhecido por sua capacidade de produzir grandes clamidósporos, de paredes espessas. Essas estruturas são também chamadas de hipnósporos, formam-se igualmente à custa de filamentos micelianos, podendo ser terminais ou intercalares, isolados ou contínuos. Micose que atinge a superfície cutânea ou membranas mucosas, resultando em candidíase oral, candidíase vaginal, intertrigo, paroníquia e onicomicose. A forma mais comum de candidíase oral é a pseudomembranosa, caracterizada por placas brancas removíveis na mucosa oral (aftas).
Assim, o filo Deuteromycota compreendia fungos principalmente microscópicos, com padrão celular filamentoso bem desenvolvido, isto é, constituÌdos por hifas ramificadas e septadas. Muitas exceções existem e, assim, são encontrados representantes dos deuteromicetos entre as leveduras, nome genérico dos fungos unicelulares que exibem brotamento, e entre os fungos macroscópicos, quando hifas especializadas se unem e formam estruturas de reprodução peculiares ao grupo, perfeitamente visíveis a olho nu. O grupo é conhecido ainda como Deuteromycetes, Fungos Imperfeitos ou Fungos Conidiais. Podem ser encontrados em todos os ambientes, no solo, na água doce ou salgada, no ar, no próprio homem. A atividade decompositora desses fungos no solo é de grande importância para os processos de reciclagem de nutrientes e fertilização de solos. Associam-se às plantas e aos animais de modo benéfico ou causando danos. Produzem enzimas, ácidos orgânicos e compostos secundários de importância biotecnológica.
Os micologistas puros e ecléticos tendem, freqüentemente, a dar grande importância ao desafio de delimitar táxons que representem a maior exatidão possível das afinidades filogenéticas ou de parentesco. Mesmo considerando que estes limites não existem na natureza, na qual houve uma evolução contínua e sem intervalos que autorizem uma separação ou limitação de grupos, é entendível que essa tarefa seja realizada por uma questão de necessidade de referência e de entendimento entre os componentes de uma comunidade, a Científica. Por outro lado, os fitopatologistas tendem a valorizar a praticidade na arquitetura dos sistemas de classificação e a valorizar a estabilidade na aplicação dos nomes dos fungos fitopatogênicos. Um número elevado de fitopatologistas reclamam não haver qualquer esforço no sentido de conciliar os interesses de ambas as partes para que se chegue a um lugar comum.
A classe "Deuteromycetes", ou fungos imperfeitos, é um bom exemplo de um grupo bastante complexo no que se refere a este conflito de interesses entre micólogos e fitopatólogos. No entanto, nas edições mais recentes dos livros-texto de micologia mundialmente mais utilizados por estudantes de nível superior, a abolição desta "classe" tem sido aceita. Esta tendência também foi adotada na recente edição de 1995 do "Dictionary of the Fungi" editada pelo considerado "Imperial Mycological Institute" da Inglaterra, instituição que abriga uma respeitável equipe de micólogos reconhecida internacionalmente. Esta atitude conflita amplamente com o que contêm recentes livros-texto da área de Fitopatologia, trazendo uma certa ou enorme confusão na taxonomia e sistemática dos fungos fitopatogênicos. O alcance destas alterações, sob o ponto de vista prático, entretanto, é pouco significante. Em substituição à Classe Deuteromicetos foi introduzido o termo fungo mitospórico aos fungos para os quais não foi possível uma correlação com qualquer estado meiótico ou teleómorfico e que se reproduzem somaticamente por simples mitoses. Assim, fungos mitospóricos que já tiveram essa relação estabelecida com os ascomicetos ou basidiomicetos (teleomorfos) podem ser denominados anamorfos ou estados anamórficos desses grupos. De uma forma geral, para a maioria dos ascomicetos e basidionicetos, os estados anamórficos são desconhecidos; para vários deles os estados anamórficos não foram ainda reconhecidos e em outros, provavelmente antigos anamorfos, parecem ter perdido sexualidade e a fonte de variabilidade, substituída por outros mecanismos como a mutação e o ciclo parassexual.
A meta fundamental dessas mudanças sugeridas pelos micólogos teve por objetivo, simplesmente, eliminar qualquer possibilidade de que a existência de uma categoria taxonômica formal para fungos cuja sexualidade é desconhecida pudesse sugerir ou incutir a idéia incorreta de que esse grupo taxonômico pudesse abrigar formas com alguma afinidade de parentesco. Outros fatores que interferiram na praticidade do sistema taxonômico dos fungos imperfeitos têm a ver com o entusiasmo e a dinâmica dos micologistas puros na aplicação de técnicas modernas que, à exceção da microscopia eletrônica de varredura, que resultou em ampliar a aplicação de elementos morfológicos já tradicionalmente utilizados na sistemática, levaram a uma grande sofisticação na busca da pureza filogenética dos táxons. Referimo-nos à microscopia eletrônica, à biologia molecular e às análises proteicas e genômica. Estas são técnicas de alta sofisticação, inacessíveis à grande maioria dos fitopatólogos. Mesmo a conidiogênese, estudo da maneira como se originam os conídios, que é uma técnica menos complexa utilizada para separar vários gêneros de fungos, exige equipamentos de utilização complexa como as microscopias de fluorescência, eletrônica e eletrônica de varredura. A grande maioria desses equipamentos inexistem em um laboratório comum de fitopatologia. Entretanto, a nosso ver, como a morfologia é um reflexo da herança genética e, conseqüentemente, dos genomas, os mesmos impasses que hoje existem nas análises morfológicas existirão no futuro, quando as técnicas de biotecnologia sofisticadas estiverem em plena utilização. Existirão apenas diferenças nos pontos de separação de um todo que é inseparável porque no processo de evolução a natureza não os separou. Quanto ao esquema atualmente utilizado para deuteromicetos e que no passado compreendia várias Ordens (Moniliales, Melanconiales, Sphaeropsidales, etc.) e Famílias (Moniliaceae, Dematiaceae, Stilbelaceae, Tuberculariaceae, Melanconiaceae e Sphaeropsidaceae, etc.), foram reduzidos a três grupos artificiais derivados daqueles previamente utilizados, no passado, como nomes taxonômicos formais, ou seja:

1. Coelomycetes - incluindo fungos produtores de conídios em estruturas ou corpos de frutificação (conidiomatas) denominadas picnídios e acérvulos (antigamente incluídos nas famílias Sphaeropsidaceae e Melanconiaceae), respectivamente;


Fonte:Google

2. Hyphomycetes - não formadores de conidiomatas ou corpos de frutificação, mas de conidióforos, nome dado a hifas especializadas e produtoras de conídios com formas e arquitetura variável. Este grupo compreende fungos:
a) Moniliaceous, com hifas e conídios hialinos ou palidamente coloridos;
b) Hematiaceous, com hifas e conídios fortemente pigmentados;
c) Stilbelaceous, produzindo um tipo de estrutura de feixes de hifas férteis, produtoras de conídios hialinos ou coloridos, denominada sinêmio ou corêmio.


Fonte:Google


3. Micelia Sterilia - grupo no qual não há produção de conídios. A multiplicação é realizada através de esclerócios irregulares (Rhizoctonia) ou esféricos (Sclerotium), ou ainda pela fragmentação das hifas do micélio somático.
Os Coelomicetos e Hyphomicetos têm sido relacionados como formas anamórficas dos ascomicetos e Micelia Sterilia, com basidiomicetos.

Fonte:Google



Fontes:
http://www.geocities.com/~esabio/mario/nocoesbasicas.htm
http://www.ufpel.tche.br/sbfruti/anais_xvii_cbf/climassolosnutricao/905.htm
http://www.biota.org.br/pdf/v1cap11.pdf
http://www.consulteme.com.br/1b/biologia/compsoloc.htm
http://micol.fcien.edu.uy/atlas/Deuteromycetes.htm
http://botit.botany.wisc.edu/images/332/Deuteromycetes/









sexta-feira, 15 de abril de 2011

Fungos parasitas: as micoses

1. Denominam-se micoses (do grego myke ou mices, micos, fungo) às infecções humanas ou animais originadas por fungos. São popularmente também conhecidas como “empinges”. Os fungos se desenvolvem efetivamente na pele humana e de animais, por meio de estruturas filamentosas ramificadas e septadas denominadas "hifas". O conjunto das hifas constitui o chamado "micélio", o qual se nutre de uma proteína existente na superfície da pele denominada queratina. Por esta razão são também denominados fungos ceratinofílicos. São infecções que se desenvolvem e proliferam rapidamente, na maioria das vezes em que há um excesso de calor e umidade. Podem ser classificadas em dois grupos:

2. Superficiais: infecções causadas por espécies dos gêneros Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton; afetam cabelo, unhas e camadas superficiais da pele e mucosas. Pé de atleta, frieira, micose de praia, pano branco são alguns tipos de micoses superficiais.
Fonte:Google


As micoses superficiais da pele, também chamadas de "tinhas" são infecções causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e os cabelos. Os fungos estão em toda parte podendo ser encontrados no solo e em animais. Até mesmo na nossa pele existem fungos convivendo "pacificamente" conosco, sem causar doença. A queratina, substância encontrada na superfície cutânea, unhas e cabelos, é o seu alimento. Quando encontram condições favoráveis ao seu crescimento, como: calor, umidade, baixa de imunidade ou uso de antibióticos sistêmicos por longo prazo (alteram o equilíbrio da pele), estes fungos se reproduzem e passam então a causar a doença.

Tinha do corpo: forma lesões arredondadas, que coçam e se iniciam por ponto avermelhado que se abre em anel de bordas avermelhadas e descamativas com o centro da lesão tendendo à cura.


Tinha da cabeça: mais frequente em crianças, forma áreas arredondadas com falhas nos cabelos, que se apresentam cortados rente ao couro cabeludo nestes locais (tonsurados). É muito contagiosa.O agente é a Tinea capitis (tinha tonsurante).

Tinha dos pés: causa descamação e coceira na planta dos pés que sobe pelas laterais para a pele mais fina.

Tinha interdigital (frieira): causa descamação, maceração (pele esbranquiçada e mole), fissuras e coceira entre os dedos dos pés. Bastante frequente nos pés, devido ao uso constante de calçados fechados que retém a umidade, também pode ocorrer nas mãos, principalmente naquelas pessoas que trabalham muito com água e sabão.

Tinha crural (virilha): forma áreas avermelhadas e descamativas com bordas bem limitadas,que se expandem para as coxas e nádegas, acompanhadas de muita coceira. Normalmente o agente etiológico é a Tinea cruris, quando causada pelo fungo Candida albicans, forma área avermelhada, úmida que se expande por pontos satélites ao redor da região afetada. Também com muita coceira.

Tinha das unhas (onicomicose): apresenta-se de várias formas: descolamento da borda livre da unha, espessamento, manchas brancas na superfície ou deformação da unha. Quando a micose atinge a pele ao redor da unha, causa a paroníquia ("unheiro"). O contorno ungueal fica inflamado, dolorido, inchado e avermelhado e, por consequência, altera a formação da unha, que cresce ondulada.
Fonte:Google
Pitiríase versicolor: ("micose de praia"). É causada pela malassezia furfur, que faz parte da constituição normal da pele. Por alguns fatores desencadeantes locais, como sudorese excessiva, pele muito seborréica ou predisposição genética, desenvolvem lesões no pescoço, tronco superior e face. Em geral são lesões arredondadas, escamosas, podendo ser mais claras que a pele normal (mais comum) ou até avermelhadas ou acastanhadas. Em alguns casos há nítida predileção pelos pêlos - sendo assim comum encontrar lesões no couro cabeludo, axilas e regiões pubianas. Quanto maior a área afetada, maior a dificuldade de tratamento e possibilidade de recidiva. É muito freqüente em nosso meio o acometimento de adultos jovens (maior oleosidade na pele) em ambos os sexos. Esse fungo é encontrado na pele sem manifestações clínicas de infecção, como já foi dito. O paciente procura o médico pelo aspecto anti-estético das lesões.

Tinea negra (Piedraia hortae): manifesta-se pela formação de manchas escuras na palma das mãos ou plantas dos pés. É assintomática.

Piedra preta: esta micose forma nódulos ou placas de cor escura grudados aos cabelos. É assintomática.

Piedra branca (Trichosporon beigeli): manifesta-se por concreções de cor branca ou clara aderidas aos pêlos. Atinge principalmente os pêlos pubianos, genitais e axilares e as lesões podem ser removidas com facilidade puxando-as em direção à ponta dos fios.

Candidíase mucocutânea. A candidíase é causada mais comumente por um fungo denominado Candida albicans, sendo que nos pacientes HIV positivos é comum a associação da infecção com outras espécies mais raras e mais aderentes à mucosa, o que pode justificar, às vezes, a dificuldade no tratamento ou a resistência à terapia convencional. A sua forma clínica mais comum é a candidíase oral, que se caracteriza por placas vermelhas, recobertas por uma membrana esbranquiçada, que pode ser retirada facilmente com uma espátula, e pode estar localizada em qualquer parte da boca (língua, céu da boca, bochechas, etc.). Nos pacientes com doença mais avançada, ela pode se espalhar pela garganta, e atingir o esôfago, causando dor e dificuldade de engolir, levando consequentemente ao emagrecimento.


3. Profundas: afetam as camadas mais profundas da pele e podem também atingir os orgãos internos.


Blastomicose: micose devida à inalação de conídios do fungo Blastomyces dermatidis, da subdivisão Ascomycotina, que afeta primordialmente os pulmões. No pulmão, os conídios transformam-se em leveduras que causam uma broncopneumonia, de inicio insidioso, com tosse seca ou produtiva, dor torácica, febre, calafrios e dispnéia. As lesões podem involuir espontaneamente ou assumir caráter progressivo. Neste caso, as leveduras fagocitadas por macrófagos passam a ser disseminadas pelo organismo, dando lugar à blastomicose sistêmica que envolve pele e tecido celular subcutâneo; esqueleto, próstata e  testículo epidídimo .

Fonte:http://www.infoviva.hpg.ig.com.br/demi00.htm

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Classificação dos fungos

Distinguimos dois filos no reino Fungo: Eumycota (fungos verdadeiros) e Mixomycota (fungos gelatinosos), hoje incluídos no Reino Protista ou Protoctista.
O filo Eumycota apresenta maior variedade de espécies, aproximadamente 100 mil, distribuídas em quatro classes: Phycomycetes (ficomicetos), Ascomycetes (ascomicetos), Basidiomycetes (basidiomicetos) e Deuteromycetes (deuteromicetos).

Filo Eumycota

Phycomycetes

Exemplares típicos: Rhizopus spp.; Mucor spp (Bolor negro do pão). Usualmente saprófitos. Corpo tipicamente miceliano, sem septos, e haplóide. Parede celular com quitina + citosanas. Talo geralmente sifonado. Têm o talo unicelular nas formas mais primitivas, formado de filamentos (chamados hifas) tubulares, multinucleados, não septados, ramificados, nas mais adiantadas. Guardam analogia com as algas verdes com respeito á estrutura e a sua reprodução. A esta classe pertencem os mofos, como o mofo pão e outros que atacam os tecidos em ambiente úmido. São saprófitos. Alguns são parasitas de plantas. Os mofos produzem tal quantidade de esporos, que sempre existem alguns deles no ar. Como exemplos de ficomicetes, pode-se citar: Plasmodiophora brassicae, causador da "hérnia da couve"; Rhizopus nigricans, o mofo preto do pão; Saprolegnia, que é um gênero de ficomicetes aquáticos vivendo sobre detritos e peixes; e Empusa muscae, que prolifera sobre as moscas, matando-as à maneira de uma epidemia. A importância desse grupo advém de seu significado econômico, porquanto atacam especialmente, plantas e animais (peixes), causando perda de alimentos e desperdício de esforços. Exemplo significativo da obra destruidora destes fungos é a doença denominada "podridão" ou "míldio da batateira", causadora da destruição das plantações de batata na Irlanda, em 1845-46, que matou de fome milhares de pessoas. O agente ocasionador deste míldio é o ficomicete Phytophtora infestans, que passa o inverno nos tubérculos doentes e desenvolve-se na primavera, matando os jovens. Contribuem, por outro lado, de modo benéfico para os processos de mineralização da matéria orgânica que restituem aos solos substâncias molecularmente pouco complicadas e que ajudam a conservar-lhes a fertilidade. Produzem esporos sempre imóveis em número indefinido. A reprodução assexuada é assegurada pela diferenciação de esporângios pedunculados. Os esporângios são esféricos e suportados por hifas eretas ou esporangióforos. A porção central do esporângio torna-se altamente vacuolizada, constituindo a columela. A zona periférica é a zona do esporângio que suporta os esporos. No interior do esporângio o citoplasma fragmenta-se em porções em regra plurinucleadas, os esporos. Quando os esporos atingem a maturidade dá-se a ruptura da parede do esporângio e a libertação dos esporos.
A reprodução sexuada é assegurada por pares de filamentos sexuais de sexos opostos. Quando as hifas de sexos opostos + e - entram em contato há dilatação das suas extremidades, diferenciando-se os progametângios. Seguidamente há a formação de um septo perto da extremidade do progametângio separando-se duas células: o gametângio terminal e o suspensor. Quando os gametângios entram em contato, as paredes dissolvem-se e os conteúdos plurinucleares dos gametângios fundem-se num zigoto por cistogamia. Inicialmente, o zigoto fica com pares de núcleos de sexos opostos. Os núcleos que não emparelham degeneram. Os núcleos emparelhados fundem-se por cistogamia mas a seguir todos os núcleos diplóides degeneram à exceção de um que depois se divide no momento da germinação, por meiose, degenerando 3 dos 4 núcleos resultantes. Entretanto, a nova célula resultante da cistogamia aumenta de tamanho, aumenta a espessura da parede e esta torna-se ornamentada. A esta célula dá-se o nome de zigósporo. A germinação do zigósporo ocorre quando as condições se tornam favoráveis e processa-se em regra por diferenciação de um tubo germinativo com aspecto de hifa, formando um esporângio pediculado no qual se formam esporos haplóides que germinam num novo gametófito haplóide.

Fonte:Google

 
Deuteromycetes

Exemplares: Aspergillus spp.; Penicilium spp. Estes Fungos, também chamados Fungos Imperfeitos, não possuem (porque não se conhece) reprodução sexuada. A sua única forma de se reproduzirem é a forma assexuada (produção de esporos exógenos).
Algumas das espécies pertencentes a esta sub-divisão têm uma grande importância a nível da indústria da produção do vinagre (Aspergillus nigra) e na indústria farmacêutica, na produção de antibióticos (Penicilium notatum e P. crysogenum).
Fonte:Google

Esporângios de um Penicilium. O gênero Penicillium (fungo azul-verde) é utilizado na manufatura de queijos, na produção de antibióticos, e na produção de enzimas.
Ascomycetes.
Exemplares típicos: Peziza spp.; Talaromyces spp.; Sordaria spp. Não produzem zoóides. Geralmente filamentosos (são exceção as leveduras). Hifas septadas com septos perfurados. Células uni ou multinucleadas. Parede celular quitinoso-péctica sem celulose. Reprodução assexuada geralmente por conídios enquanto que a sexuada envolve a formação de ascos.
A gamia destes fungos origina em regra um aparelho esporífero (ascocarpo) no qual se formam esporos em número definido (4-8). Este aparelho esporífero designa-se de ascocarpo e é produtor de ascósporos (esporos endógenos). Os ascósporos são produzidos por meiose no interior de um esporângio especial, o asco. Neste o núcleo divide-se por meiose seguida de mitoses. A conjugação é, nas formas mais evoluídas, uma tricogamia ou somatogamia. Na tricogamia o ascogônio (em regra plurinucleado) é fecundado pelos núcleos masculinos do anterídeo. Os núcleos masculinos e femininos emparelham não havendo cariogamia (só plasmogamia ) e constituem o dicarion. A partir do ascogônio fecundado desenvolvem-se hifas constituídas por células providas de um dicarion; são as hifas dicarióticas ou ascogênicas (cujo crescimento resulta de divisões simultâneas e conjugadas dos dicarions), visto que é na sua extremidade que se vão diferenciar os ascos. Assim, nas células terminais das hifas dicarióticas os núcleos fundem-se e essa célula é a célula mãe dos ascos que aumenta de tamanho, alongando-se. À cariogamia segue-se a meiose seguida de mitose. Formam-se 8 núcleos que ficam rodeados por uma porção de citoplasma que depois segregam uma parede, não havendo formação de septos, e formam-se assim 8 ascósporos haplóides. Os ascos são geralmente formados em aparelhos esporíferos ou corpos frutíferos chamados de ascocarpos que podem tomar formas diversas: apotécio, com forma de taça (Peziza), cleistotécio, fechado e esférico (Talaromyces) e peritécio, com forma de frasco (Sordaria).

Fonte:Google

Basidiomycetes

Não produzem zoóides. Diferenciam um tipo especial de esporos (basidiósporos) que são meióticos ou sexuados e de natureza externa. Micélio septado, podendo passar por três fases. Os fungos deste grupo incluem os cogumelos (Homo) e as ferrugens (Hetero).
Sub-Classe Homobasidiomycetidae - Exemplar típico: Agaricus spp.

Fonte:Google

Produzem basidiocarpos. Quase todos os fungos comestíveis conhecidos e também inúmeros fungos venenosos pertencem a essa subclasse. Entre os primeiros, podemos citar o tão apreciado champignon (Agaricus sp.) e o parasol (Macrolepiota procera), entre os venenosos as espécies de Amanita ou Inocybe patoullardi. Psilocybe mexicana produz os alucinógenos psilocibina e psilocina, usados em rituais religiosos indígenas. Além destes, as orelhas-de-pau, muitos fungos de micorriza (associados a raízes) e importantes fungos de madeira, muitos dos quais causam enormes prejuízos econômicos. Basídios sem septos em forma de clava. Produzem 4 basidiósporos sobre projeções do basidio (os esterigmas).

Fonte:Google

 
O talo é um micélio constituído por células uninucleadas (micélio primário ou unicariótico) que constitui a geração gametofítica com um desenvolvimento reduzido. Este micélio pode multiplicar-se por formação de conídios ou oídios.
A reprodução sexuada ocorre por somatogamia ou espermatização e assim se formam células com um par de núcleos de sexos opostos (dicarion). A partir destes e por divisões conjugadas dos núcleos do dicarion diferenciam-se as hifas dicarióticas que constituem o micélio secundário que corresponde à geração esporofítica pois irá produzir os basídios com basidiósporos. Esta geração é muito mais desenvolvida que a gametofítica e todo o corpo frutífero (basidiocarpo) é constituído por hifas dicarióticas. Durante a divisão das células do micélio secundário ocorre a diferenciação de ansas de anastomose. Uma célula prestes a dividir-se emite uma curta saliência lateral encurvada para a base. Um dos núcleos migra para essa saliência e o outro mantém-se na célula inicial. Dividem-se simultaneamente. Um dos núcleos fica na saliência e isola-se por um septo. Diferencia-se outro com 2 núcleos de sexos opostos. Por fusão das 2 células uninucleadas, o núcleo que estava na saliência migra para a célula subterminal que fica binucleada. O micélio secundário ou dicariótico irá produzir o corpo frutífero ou basidiocarpo em regra macroscópico (micélio terciário). Neste, e na extremidade de algumas hifas dicarióticas diferenciam-se os basídios.
A célula terminal da hifa aumenta de tamanho e os 2 núcleos fundem-se. O núcleo diplóide resultante migra para a extremidade do basidio. Aí divide-se por meiose. No ápice do basidio desenvolvem-se 4 finas ramificações, os esterigmas. Estes dilatam-se na extremidade e cada núcleo haplóide migra para cada uma dessas dilatações. Forma-se depois um septo na sua base e a célula assim formada é um basidiósporo. Este germina num micélio primário. Os basídios, em regra, dispõem-se em paliçada constituindo o himênio.

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O grupo tem grande importância econômica. Os basidiomicetes superiores se separam em dois grupos; de um lado os himenomicetes, com membrana esporófora exposta, e de outro os gasteromicetes, com membrana esporófora inclusa. Entre os primeiros estão os mais importantes fungos comestíveis e venenosos conhecidos. Também aí figuram os fungos destruidores de madeira. Psalliota campestris é o cogumelo de campo, ou cogumelo cultivado (champignon do comércio). Entre os venenosos ou repugnantes ao paladar podem ser citados Amanita phalloides, o mais tóxico de todos, capaz de causar acidentes mortais, Russula emetica, de sabor picante, os Dictyophora, de cheiro e gosto desagradáveis.

Sub-Classe Heterobasidiomycetidae - Exemplar típico: Puccinia spp.
Basidios septados.

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Compreende espécies causadoras de sérias doenças em plantas cultivadas, como sejam as ferrugens e os carvões. Ustilago maydis produz o carvão do milho. Puccinia graminis é a ferrugem do trigo.
Muitos não formam basidiocarpos (produzem esporos em grupos - os soros). Ciclos de vida complexos envolvendo freqüentemente mais do que um hospedeiro (no caso dos parasitas) e a produção de diversos tipos especializados de esporos.

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A "ferrugem" do trigo, uma linhagem de Puccinia graminis, cresce parasiticamente nas folhas e caules do trigo (outras linhagens ocorrem em outros cereais), absorvendo materiais do protoplasma do hospedeiro. Na maturidade, as hifas de P. graminis irrompem em lesões localizadas nas folhas e caules do hospedeiro, produzindo um grande número de esporos ferrugíneos (uredósporos) que repetem o ciclo, infectando assim muitas novas plantas. Pelo menos quatro tipos adicionais de células reprodutoras são produzidos no ciclo de vida deste fungo.

Fonte:http://www.terra.com.br/saude/especiais/drogas/drogas_lsd.htm).

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A importância econômica dos fungos.

A importância econômica dos fungos pode ser avaliada tanto pelos benefícios quanto pelos danos causados. Por exemplo, a mesma levedura (Saccharomyces) que causa a fermentação da cana para a produção do álcool etílico, pode fermentar o melado, que seria utilizado como fonte de alimento, tornando-o impróprio para o consumo, além de produzir gás carbônico, que com o aumento da pressão, acaba danificando o recipiente.

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Saccharomyces cerevisae

1. Os fungos como fonte de alimentos.

a) Cogumelos ou champignons. O ramo que está em expansão no Brasil é o cultivo de corpos de frutificação de algumas espécies do gênero Agaricus e do gênero Boletus como fonte de alimento, ou a utilização de micélios desses e de outros fungos (gêneros Morchella e Tricholoma) como concentrados protéico-vitamínicos.

Fonte:Google

A utilização direta de fungos como fonte de alimento é altamente rentável. Compare: um boi pesando 500Kg produz por dia 0,5Kg de proteínas; 500Kg de soja, 50Kg de proteínas; 500Kg de leveduras, 50.000Kg, resultante da sua rápida reprodução neste mesmo dia.

Outro fator positivo para o cultivo de fungos é que esses possuem uma gigantesca plasticidade em relação ao meio em que se desenvolverá. Além de substratos conhecidos compostos por hexoses e pentoses, devido ao seu aparato enzimático, substratos como lignina, celulose e hemicelulose, pectina, líquido sulfítico – proviniente da indústria de polpa de papel -, parafina com 9 carbonos (degradada pela ação do Torulopsis famata), 11 a 18 átomos de carbono (Candida zeylanoide) e de 20 a 22 carbonos(Candida intermedia) podem ser usados para o desenvolvimento de fungos.

Esse aparato enzimático que possibilita a sobrevivência no mais variados ambientes é valorizado pela industria química, pois dele se extrai direta ou indiretamente sacarase, lactase, glicerina, griseofulvina, giberinas e ácidos, como o ácido cítrico, ácido glicônico, ácido itacônico.

b) Fabrico do pão. O CO2 utilizado na panificação para deixar a massa mais aerada, leve – devido a diminuição da densidade, resulta da fermentação, respiração anaeróbia, de leveduras presentes nos fermentos. A levedura que faz esse processo (geralmente Saccharomyces cerevisiae) é selecionada para ser mais eficiente, não produzir metabólicos tóxicos e conferir a massa gosto e aroma característicos.

c) Alimentação de origem oriental. Esses organismos tem um enorme peso na indústria alimentícia oriental, visto que produtos como o Shoyu, Misso, Sufu, Tempeh, Ontjom, Ragi, Ang-Kak são dependentes direto da ação desses organismos.

d) Maturação de carnes e produção de queijos. A indústria alimentícia ocidental também se utiliza de fungos para a maturação de carnes, como é o caso de alguns tipos de salame, produção de queijos como o Azul, o Roquefort e Gorgonzola (geralmente sob a ação do Penicillium roquefortii), Camembert (Penicillium camembertii).

e) Na agricultura. Na agricultura os fungos possuem um importantíssimo papel que é a formação de Micorrizas, que podem aumentar a produtividade agrícula. O fungo é heterótrofo e necessita de alimentos (compostos orgânicos), que é incapaz de sintetizar, enquanto planta, por exemplo um eucalipto ou pinheiro, é um ser autótrofo que necessita, para sua fotossíntese, de compostos inorgânicos, no caso principalmente água e compostos com fósforo.

Allen (1991) definiu micorriza (do grego mykes = cogumelo ou fungo e rhiza = raiz) como um mutualismo entre uma planta e um fungo localizado nas suas raízes no qual a energia move-se primariamente da planta para o fungo e recursos inorgânicos movem-se do fungo para a planta. O termo micorriza (Frank, 1885) denomina uma associação altamente especializada entre raízes e certos fungos do solo. Essas associações melhoram a capacidade de absorção e utilização dos nutrientes, de absorção de água, de tolerância a condições desfavoráveis do solo (Wilkins, 1991) e de resistência a microrganismos patogênicos ou deletérios (danosos).
2. Fermentação alcoólica.
A maioria dos fungos faz fermentação e essa por sua vez é alcoólica, produzindo álcool etílico e gás carbônico (CO2). Duas das bebidas mais populares do mundo, o vinho e a cerveja, contam com uma "mãozinha" dos fungos no processo de fabricação. O vinho é feito a partir de uvas. Extrai-se o suco da fruta e misturam-se levedos, um tipo de fungo. Os levedos alimentam-se do açúcar da fruta e produzem gás carbônico e álcool etílico – processo chamado fermentação. É isto o que dá o teor alcoólico da bebida. O mesmo acontece na cerveja. A diferença é que, em vez da uva, o alimento dos levedos é o açúcar do malte. O açúcar do milho produzirá álcool de cereais e o do arroz produzirá o saquê.
3. Produção de medicamentos.
O fungo Penicillium notatum é muito útil ao homem. Ele produz a penicilina, um antibiótico usado para combater infecções causadas por bactérias. O primeiro médico a descobrir o uso da penicilina foi o inglês Alexander Fleming em 1928, fato que revolucionou a medicina da época. Interessante foi como se deu essa descoberta: Fleming estava pesquisando microorganismos e deixou uma cultura de bactérias numa placa de vidro para observar o seu desenvolvimento. Chegou a sair de férias por alguns dias e, quando voltou, percebeu que as bactérias não tinham se desenvolvido como esperava. Notou que um tipo de fungo havia aparecido e estava se alimentando dessas bactérias.
Era o primeiro passo para a produção dos antibióticos. Graças a seus estudos com fungos, Fleming ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1945. Fleming não é o único herói desta história. Foram dois pesquisadores da Universidade de Oxford, Howard Florey e Ernst Chain, que conseguiram em 1937 purificar a penicilina, uma etapa importante para seu uso mais seguro em seres humanos. Nos Estados Unidos, pesquisadores multiplicaram a produção, até então era feita em pequenas garrafas, para uma escala industrial em grandes tanques especiais. A partir de 1940, o medicamento passou a ser aplicado com injeções. Logo a penicilina estava ao alcance de todos e a preços cada vez menores. Uma revolução na Medicina que salvou milhões de vidas.
4. Aspectos negativos.
1. Aspectos negativos que poderiam ser citados, além da deterioração de alimentos e materiais, pragas como ferrugem, que é uma fitapatologia causada por basidiomicetes geralmente da classe Teliomycetes que já foi descrita por Plínio no século I sendo “a maior praga das culturas”.

2. Micoses que acometem animais de interesse econômico, como o caso de bois, aves e peixes, são geralmente dos gêneros Microsporum, Trichophyton, que causam diminuição da taxa de reprodução, diminuição do ganho (e até perda) de peso, queda da produção de ovos e nos casos mais graves tem-se a necessidade de sacrificar o animal ou esse acaba morrendo, como ocorre quando carpas são infectadas por Saprolegnia hoferi.

3. Um outro exemplo prejudicial a agropecuária é quando as pastagens ficam infectadas por Sphacelia que se associa a gramíneas. O vegetal nada sofre, mas o gado ao comê-lo, acaba ingerindo alcalóides que tornam o gado letárgico, febril, havendo diminuição da produção de leite, do ganho de peso e da fertilidade; pode haver gangrena e morte.


Fontes:
http://www.biota.org.br/pdf/v1cap11.pdf
http://www.ciencia-shop.com.br/shop/especial/mat178.asp
http://curlygirl.no.sapo.pt/fungi.htm
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./biotecnologia/index.html&conteudo=./biotecnologia/artigos/fungi.html
http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=122
http://novaescola.abril.com.br/ed/109_fev98/html/setembro.htm
Griffin, D.H. (1993) Fungal Physiology. 2nd Ed. Wiley-Liss. A John Wiley &Sons, Inc., Publication. New York. USA.
Prescott, L.M., Harley, J.P., Klein, D.A. (1994) Microbiology. 2nd Ed. Wm. C. Brown Publishers. Dubuque
PELCZAR, M. J.; REID, R. & CHAN, E.C. 1981. Microbiologia. Volumes I e II. tradução de Manuel Afolphe May Ferreira; revisora técnica Maria Regina S. Borges, McGraw-Hill do Brasil, São Paulo,566p.